À espera de contração de 5% do PIB em 2020, SPX não considera recomendáveis novos cortes da Selic

Gestora de Rogério Xavier segue com posições reduzidas em juros e não tem alocações direcionais relevantes na Bolsa brasileira em seu fundo multimercado

Beatriz Cutait

SÃO PAULO – Atenta aos efeitos macroeconômicos inéditos da atual pandemia de coronavírus e à espera de contrações anualizadas de 32% do PIB americano e de 55%, da zona do euro, no segundo trimestre de 2020, a SPX está bastante cautelosa com o cenário à frente.

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A gestora de Rogério Xavier revisou a projeção de crescimento do Brasil em 2020 de um aumento de 1% para uma contração de 5%. Para a inflação de 2020, a estimativa também foi reduzida, de 3,4% para de 2,1%.

“O choque atinge o país em situação fiscal e política frágeis. O estoque de dívida bruta pode terminar o ano acima de 90% do PIB. O Banco Central tem um cenário complexo à frente. De um lado, além da recessão, o cenário de inflação é benigno. Do outro, a piora fiscal, a fuga de capitais e a deterioração da curva longa imprimem aperto nas condições financeiras que cortes na Selic podem magnificar. O momento é de cautela”, destacou a gestora, em carta aos cotistas do multimercado SPX Nimitz referente a março.

De olho na fuga de capitais das economias emergentes, a gestora não considera recomendáveis cortes adicionais da taxa Selic, apesar de reconhecer que o cenário é “claramente desinflacionário”. Baratear ainda mais o custo do dinheiro, contudo, pode trazer mais pressão para a moeda americana, gerando turbulências e possível desancoragem das expectativas de inflação, alerta a SPX.

A gestora segue com posições reduzidas em juros e não tem alocações direcionais relevantes na Bolsa brasileira.

Já no mercado acionário internacional, a SPX diz estar priorizando alocações relativas, focando em setores e empresas mais resilientes. A gestora tem posições compradas nos setores de consumo básico, saúde, tecnologia e em algumas empresas defensivas do setor industrial. As posições vendidas estão concentradas em índices e setores tidos como mais frágeis, como varejo, energia e automotivo.

No mercado de câmbio, a SPX segue vendida em moedas de países emergentes e, no que tange ao segmento de crédito da América Latina, permanece com posições compradas em alguns nomes específicos, mantendo instrumentos de hedge para as alocações.

Por fim, na parte de commodities, a casa tem posições vendidas em metais industriais e compradas, nos preciosos. “Temos ainda alocações favoráveis à queda de preços no setor de energia. Já no mercado de agrícolas, permanecemos vendidos em grãos”, assinala, na carta.

Em março, o SPX Nimitz rendeu 0,19%, ante uma variação de 0,34% do CDI. Em 2020, o fundo ganha 1,53%, ante um CDI de 1,02%.

Enormes incertezas no horizonte

Embora a atividade econômica chinesa mostre sinais de recuperação, a gestora assinala que há enorme incerteza quanto ao ritmo da retomada.

“Ocorre que a questão aqui é médica, e não de vontade dos bancos centrais e governos. Não se sabe quanto tempo a quarentena vai durar, nem os danos colaterais que vão se suceder – os estímulos são uma tentativa de limitá-los, mas há desafios de implementação também. Países como Cingapura, que controlaram muito bem a epidemia, não conseguiram decretar um fim definitivo aos lockdowns e o risco é que a atividade global permaneça abaixo da capacidade por muitos meses”, destaca.

Nos países emergentes, a SPX enxerga um desafio ainda maior. Diferentemente de 2008, assinala, a China e as commodities não serão uma fonte de ajuda.

A gestora espera revisões de crescimento “brutais” e déficits fiscais grandes, que se somam a estoques de dívida já elevados. “Uma herança clara desta crise será o desafio de consolidação fiscal no futuro.”

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Beatriz Cutait

Editora de investimentos do InfoMoney e planejadora financeira com certificação CFP, responsável pela cobertura do universo de investimentos financeiros, com foco em pessoa física.